Os homens que dizem que já perderam a esperança são três vezes mais propensos a desenvolverem pressão alta do que aqueles que tem uma forma mais positiva de encarar a vida, sugere um estudo na Finlândia. “Este é o primeiro estudo a identificar especificamente uma ligação entre a desesperança e a hipertensão,” disse a líder dos autores do estudo, a doutora Susan A . Everson, uma pesquisadora assistente do Departamento de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan. Os pesquisadores examinaram 616 homens de meia-idade do oeste da Finlândia, uma área com alta taxa de doença cardíaca. Mesmo após outros fatores de risco para hipertensão, como obesidade e inatividade física serem incluídos na análise, os pesquisadores encontraram que homens com os níveis mais altos de desesperança eram três vezes mais propensos a desenvolver hipertensão em um período de quatro anos do que homens que não tinham perdido a esperança. Os homens no estudo foram considerados hipertensos se sua pressão sangüínea fosse igual ou maior que 165/95 mmHg, ou se eles estavam tomando medicamentos para pressão alta. De acordo com o estudo, 126 (20.4%) dos homens atingiam estes níveis. Trinta e sete por cento dos homens com um índice mais alto de desesperança desenvolveram hipertensão, e somente 23% dos homens com um índice moderado e 17% dos com índice baixo de desesperança desenvolveram hipertensão. Houve um aumento de 16% no risco de hipertensão para cada ponto de aumento na escala de desesperança, e os resultados permaneceram assim após os dados serem ajustados para levar em conta fatores de risco para hipertensão como história familiar, idade, atividade física, tabagismo e consumo de álcool. Estes resultados do estudo também sugerem que a desesperança apresenta um efeito negativo no coração maior do que a depressão. “A desesperança é freqüentemente um sintoma de depressão, especialmente depressão grave,” disse Everson. “Algumas pessoas relatam sintomas de depressão, mas não necessariamente perderam a esperança na vida.” Estudos anteriores demonstraram que os sentimentos de desespero são também um fator de previsão para ataques cardíacos potencialmente fatais, observam os pesquisadores. Everson e colaboradores sugerem que a desesperança na vida pode afetar os níveis de um composto chamado serotonina no corpo. Uma das funções da serotonina é estimular a constrição das artérias, o que pode aumentar a pressão sangüínea. Pesquisas adicionais são necessárias para determinar o impacto específico da desesperança na função vascular e determinar se esta característica crítica da depressão é responsável pelo aumento dos riscos cardiovasculares, sugerem os pesquisadores. E mais estudos são necessários para ver se estes resultados são verdadeiros em outros indivíduos. “Nós precisamos saber se as mesmas associações são encontradas em mulheres, populações não brancas, em populações mais jovens ou mais velhas,” disse Everson. O encontro da ligação física entre a desesperança e a hipertensão pode levar a novas estratégias de tratamento de pacientes que sentem desesperança com a vida, concluem os pesquisadores. Fonte: www.boasaude.com.br
17 de julho de 2008