Se depender do fervor religioso, a safra da tainha deste ano tem tudo para ser abundante, pelo menos no Campeche. A já tradicional missa de abertura da safra, que acontece há quatro anos consecutivos no bairro, reuniu na edição deste ano o maior e mais diversificado público de todas as edições. Mais de uma centena de pessoas se acotovelou na área ao lado do rancho dos pescadores locais para acompanhar a celebração da missa. Além dos pescadores e suas famílias, moradores e populares em geral, o evento foi prestigiado ainda pela presença do prefeito Dário Berger, vereadora Ângela Albino, dirigentes das federação dos pescadores e até o ministro da Pesca do governo federal, Altemir Gregolin. Quanto à safra deste ano, a maioria das lideranças está otimista, embora poucos acreditem na repetição da safra do ano passado, considerada a melhor dos últimos 20 anos no litoral catarinense, quando foram capturadas mais de 2,2 mil toneladas do pescado. O presidente da Federação dos Pescadores do Estado de Santa Catarina (Fepesc) e da Confederação Nacional dos Pescadores e Aqüicultores (CNPA), Ivo da Silva, acredita que o perfil das condições climáticas de 2008 não é o mesmo do ano passado. . “Para que isso ocorra, é necessário um ritual muito sincronizado, tem que haver um vento sul forte por dois ou três dias para a tainha se aproximar da região, então o vento norte para encostar o peixe na praia e aí a calmaria na hora da pesca, tudo isso foi perfeito na última safra”, comenta. O dirigente ressalva, no entanto, que há sinais muito positivos, como a grande volume de camarão na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, de onde vem a tainha que abastece a maior parte da pesca em Santa Catarina. O comerciante e pescador Arante Monteiro Filho, o “Arantinho”, coordenador dos pescadores de tainha do Pântano do Sul, avisa que já se nota grande volume de tainha na Lagoa dos Patos e que o Vento Sul bateu forte no início de maio, o que são bons sinais. Arante aponta ainda que grande parte da safra do ano passado foi de peixes vindos da costa do Uruguai, que até então vinha para o Sul do Brasil em pouca quantidade, e que nas últimas semanas já voltaram a aparecer cardumes vindos de lá. “Eles não pescam o peixe lá, então acredito que isso acaba contribuindo também”, avalia. Arantinho concorda, no entanto, que a expectativa não é ter um resultado tão impressionante quanto o de 2007. “Nem os órgãos que fazem o acompanhamento dos peixes imaginavam que aquilo iria acontecer, chegamos a fazer reuniões para discutir o defeso da tainha e desde então não se falou mais nisso”, aponta o comerciante. O presidente da Fepesc, lembra ainda que a pesca da tainha é sempre imprevisível até certo ponto, por isso, mesmo com todos os sinais positivos, somente com a efetiva chegada dos peixes às praias será possível ter uma real idéia do tamanho da safra. Alguns pequenos lances já teriam sido capturados na Barra da Lagoa e Campeche. (Foto: Luís Prates/Divulgação/JC)
30 de maio de 2008