O Tigre e a Neve é uma excelente forma de vermos como alguns detalhes podem prejudicar um bom argumento, às vezes de forma irreparável. Vejamos: Attilio é um professor de poesia que vive sonhando com a mulher de sua vida. Certo dia descobre que ela foi gravemente ferida em Bagdá. Attilio faz de tudo para chegar até lá o mais rápido possível, não mede esforços para salvá-la. A trama ocorre exatamente no momento da invasão da cidade pelas tropas norte-americanas, o que dificulta ainda mais sua vida. O que poderia ter sido uma bela obra poética, ou mesmo uma crítica à guerra, perde-se basicamente num ponto: Roberto Benigni. Benigni lembra nosso Renato Aragão, um comediante de estilo pastelão e no filme não se esforça nem um pouco na interpretação do poeta sonhador. É o personagem que veste o ator, não o ator que encarna o papel. O que é uma pena, pois com ele, o filme soa artificial, cansativo e banal. Em momento algum, importamo-nos com seu destino. O pior é que a história é muito interessante e renderia muito mais se estivesse na mão de um ator de verdade.
6 de novembro de 2007