A obesidade é a doença nutricional que mais cresce no mundo. Se antes o foco se concentrava somente nas populações desnutridas e carentes de alimentos, hoje é grande a preocupação acerca do excesso de peso. Pesquisa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos mostrou que, na última década, as mortes decorrentes do excesso de peso (causa de diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares) aumentaram quatro vezes mais do que as motivadas pelo fumo. Não à toa, o sobrepeso vem sendo tratado como epidemia pelos norte-americanos. Engana-se quem pensa que a obesidade é problema exclusivo dos chamados países desenvolvidos. Dados da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade) indicam que o número de obesos no país dobrou nos últimos 10 anos. Até os anos 1970, havia no Brasil duas pessoas desnutridas para cada obeso. Hoje os dados apontam três indivíduos obesos para cada desnutrido. A pesquisa mostra que 50% das crianças obesas tornam-se adultos com o mesmo problema, podendo chegar a 80% quando se trata de adolescentes. A obesidade é uma doença desenvolvida por uma combinação de fatores genéticos, alimentação inadequada, ausência de atividades físicas (sedentarismo) e também por problemas emocionais, psicológicos e outras doenças. Destes fatores, acredita-se que a maior parte dos casos é resultado do chamado estilo de vida, onde são raros (ou inexistem) os momentos dedicados à prática de atividades físicas e onde há uma dieta totalmente desequilibrada. Os casos decorrentes de problemas genéticos, como alterações hormonais, segundo estudos recentes, representam uma pequena parcela da população. Para esses casos, além das recomendações habituais (atividade física combinada com uma alimentação saudável) existem tratamentos específicos que devem ser orientados por um médico. Um das questões que envolvem esse “surto” de obesidade e que vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões é o número de crianças com problemas oriundos do excesso de peso. Colesterol alto, hipertensão, diabetes, dificuldades para realização de tarefas aparentemente simples… Um quadro até pouco tempo atrás inimaginável ao universo infantil está se tornando freqüente. Através desta cultura alimentar atual, que propaga uma nutrição baseada na praticidade e rapidez, e que resulta em alimentos pobres em nutrientes e ricos em gorduras e aditivos químicos, estamos formando crianças pesadas, lentas do ponto de vista motor e cognitivo, com dificuldades de concentração, que deveriam estar mais preocupadas em brincar e aprender do que a controlar freqüentemente suas medidas, tomar remédios para se sentirem mais “fortes” e dispostas… Possuímos informação e conhecimento. Agora devemos agir com consciência na educação das crianças e adolescentes, mesmo que para isso seja necessário, algumas vezes, dizer não àquilo inteligentemente anunciado na propaganda e que desperta uma curiosidade quase incontrolável. Na condição de pais e/ou educadores, temos a possibilidade – para não dizer obrigação, de avaliar e discutir o que consideramos correto para nossas crianças e jovens. Caio Caselli Martins Professor de Educação Física
2 de maio de 2007