Passados mais de três anos, o risco de um novo apagão, similar aquele que se abateu sobre Florianópolis em outubro de 2003, deixando a parte insular da capital às escuras por 46 horas, ainda paira sobre a cidade, especialmente sobre a região central do município. O diretor-técnico da Celesc, Eduardo Sitônio, ameniza a situação, alegando que se por alguma fatalidade voltasse a ocorrer o acidente que provocou o apagão daquela época, os efeitos do sinistro não seriam os mesmos, porque a Celesce promoveu uma série de obras que alteraram a formatação da rede de energia da capital. Na época, as linhas de alta e baixa tensão passavam por debaixo da ponte Colombo Salles e foram danificadas numa explosão, quando técnicos faziam reparos no sistema. O calcanhar-de-aquiles da situação atual, no entanto, envolve a saturação da atual capacidade de abastecimento da região central, que pode gerar problemas inclusive já a partir desta temporada, quando praticamente triplica o consumo de energia na capital. A Celesc cogita até a possibilidade de suspender novas ligações de energia elétrica no centro da capital a partir do segundo trimestre do próximo ano. A subestação Ilha-Centro, localizada sob a cabeceira insular da ponte Hercílio Luz, estaria operando com 90% da capacidade, chegando a 93% e 94% nos momentos de maior consumo, de acordo com a Celesc. A solução para o problema, conforme Sitônio, seria a construção de uma nova subestação no centro da capital, que possa interligar as redes da avenida Beira-Mar e da subestação da Trindade. A estatal chegou a iniciar processo de licitação para construção de uma nova subestação, em terreno na área central da cidade, na rua Ângelo La Porta, mas após uma intensa campanha popular contrária promovida por moradores, a Câmara de Vereadores revogou a lei que permitia a obra. A Celesc, que adquiriu o terreno ainda em 2002, luta na Justiça para tentar reverter a decisão. “Enquanto essa subestação não for construída, a cidade não vai poder crescer”, assinala. O diretor da Celesc ressalta, porém, que a sobrecarga na capacidade de atendimento da região central não põe em risco o abastecimento das unidades já atendidas. O problema, de acordo com ele, passará a ser percebido a partir do recebimento de solicitações para a ligação de energia em novos empreendimentos situados no centro da capital. “Teremos muita dificuldade de atender, porque já estamos trabalhando com uma margem muito pequena de sobra de energia”, reforça. A perspectiva de rejeição a novas licenças preocupa empresários da capital, especialmente da área do comércio e da construção civil, que temem um retrocesso no desenvolvimento da capital e da retração na geração de empregos.
28 de novembro de 2006