Alexandre Winck/Especial JC
Depois de um 2005 frustrante, quando sua produção de ostras sofreu perda de 55 mil sementes devido às altas temperaturas da água, o maricultor Alexsandro Silva, da fazenda marinha Ostras da Ilha, espera se recuperar na próxima colheita. Silva acredita que vai conseguir produzir ao todo 350 mil ostras, o que representa um crescimento de cerca de 20% sobre a safra anterior. O maricultor explica que a temperatura ideal da água na fase de cultivo fica entre os 15 e os 20 graus. Para o ano que vem, ele já fala em dobrar o número de sementes. “A maricultura sem dúvida é uma atividade rentável, tanto que larguei o turismo para trabalhar com isso”, revela Alexsandro. “Só dá prejuízo quando o clima não ajuda”, pondera.
Uma reivindicação antiga dos maricultores do Sul da Ilha que ainda não se concretizou é a construção de uma unidade de beneficiamento na região. “Foi promessa do governo estadual liberar a obra ainda esse ano, mas depende de burocracia”, lamenta ele. Essa instalação é necessária para que o produto tenha o Selo de Inspeção Federal (SIF) e seja vendido fora de Santa Catarina. A unidade de fato é simples e tem previsão de ocupar uma área de apenas 40 metros quadrados, com duas salas isoladas e pisos de azulejo. Servirá para inspeção, limpeza e empacotamento das ostras, que a partir dali serão transportadas por avião para outros estados, onde serão servidas nos restaurantes locais. “Com refrigeração adequada, o produto fica bom para o consumo por dois dias com tranqüilidade”, explica o maricultor.
Há sete anos o setor conta com uma entidade, a Associação dos Maricultores do Sul da Ilha (Amasi), com 160 associados. Alexsandro lembra que a Baía Sul é a melhor região em todo o estado para o cultivo das ostras. “Além da temperatura média da água ser adequada, não há ressacas”, explica o maricultor. Ele informa que as sementes são todas adquiridas junto à UFSC, que tem laboratórios especializados no Sambaqui e Barra da Lagoa. Segundo o produtor, o tempo que leva para a semente atingir o tamanho adequado para consumo (de sete a 10 centímetros de comprimento) varia, mas em média leva de cinco a sete meses.
As sementes são colocadas inicialmente nas chamadas caixas de berçário (ou baldes) e com o tempo vão passando por diferentes tipos de caixas com telas, conforme o seu desenvolvimento. A alimentação é natural, através dos plânctons que vivem no fundo do mar. Segundo Alexsandro, a principal preocupação do maricultor nesse período é fazer a constante limpeza e peneiração das ostras, pelo menos uma vez por mês.
(Foto: Luís Prates/Divulgação/JC)