Após a boa acolhida que teve durante exibições públicas abertas às comunidades locais do interior da Ilha de Santa Catarina, onde atraiu quase dois mil espectadores, o longa-metragem “Seo Chico: Um Retrato”, que conta a história do último produtor de cachaça artesanal da Ilha, Francisco Thomaz dos Santos, assassinado há 10 anos em circunstâncias até hoje não esclarecidas, estreou na primeira quinzena deste mês no circuito comercial, no Centro Integrado de Cultura, na capital. Produzido e dirigido pelo cineasta paulista radicado em Santa Catarina, José Rafael Mamigonian, o filme foi viabilizado com recursos do governo estadual, através do Prêmio Cinemateca Catarinense. O documentário relata a vida do pacato agricultor nativo e a sua visão peculiar de mundo, vivendo praticamente solitário numa ampla área de terra, situada no sertão do Peri, no Sul da Ilha, onde cuidava dos animais, da roça, do engenho de farinha e de seu famoso alambique. Mamigonian revela que a relação com o ex-produtor de cachaça, que culminou com o filme, nasceu, por acaso, durante uma visita ao engenho em meados dos anos 90. A partir de então, teria ganhado a confiança de Chico e, de forma despretensiosa, passou a gravar imagens de suas atividades na propriedade, além de entrevistas. Após o súbito assassinado do produtor, Mamigonian decidiu transformar sua vida em filme. Antes do longa-metragem, o cineasta já filmara o curta-metragem “Seo Chico, Terra e Alma”, em 1997.
28 de julho de 2006