Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Embora mexer em sua equipe de trabalho, promovendo as modificações que considera adequadas a qualquer tempo sejam, efetivamente, prerrogativas dos governantes, é necessário que essas modificações obedeçam minimamente algum critério, sob pena de frustrar a municipalidade e, em última análise, os próprios eleitores que o elevaram ao cargo. Entre as mudanças promovidas na segunda quinzena de abril pelo prefeito municipal Dário Berger em sua equipe, existe uma que parece conter algum equívoco.
A nomeação para comandar o IPUF do delegado licenciado Ildo Rosa, um homem talhado nas lides criminais com uma carreira de mais de 30 anos dedicada à Polícia Federal, é uma daquelas escolhas de difícil compreensão, do ponto de vista técnico. Justamente quando se afunila o prazo para elaboração do projeto de plano diretor que deve ser encaminhado para apreciação da Câmara Municipal, envolvendo aspectos delicados que contrapõem enormes interesses entre os diversos segmentos da municipalidade, fica difícil encontrar explicação técnica para tal escolha.
Se não bastassem as dúvidas acerca dos conhecimentos que o novo colaborador pode efetivamente possuir acerca de política urbana e sua capacidade de gestão na área, o ex-delegado vai acumular ainda a função de secretário municipal de Defesa do Cidadão, atuando em outra área delicada e estratégica para a municipalidade. O que pressupõe que o novo secretário deve dedicar no máximo 50% de seu tempo disponível e de suas habilidades para cada um dos setores que lhe foram agora incumbidos.
Com essa modificação, perdem os munícipes pelo menos duas vezes. Primeiro, com o afastamento do ex-presidente do IPUF Carlos Farias, que se dedicava integralmente à função e adquirira ao longo de mais de um ano no cargo um estágio de compreensão da situação urbana da capital que só o tempo proporciona. Segundo, porque ganha um novo presidente dividido entre duas missões árduas e espinhosas. Contudo, só o tempo poderá efetivamente dizer se a mudança foi mesmo equivocada ou se constitui-se em mais uma decisão acertada do atual governo.