Tim Burton é, sem dúvida um grande diretor, ousado, muitas vezes incompreendido, mas poucos fazem filmes autorais como ele. Noiva-Cadáver trás um Burton inspirado. Ousado ao trazer de volta a quase extinta técnica Stop-motion que consiste em recriar movimentos de bonecos quadro a quadro, algo quase impensável em tempos de animação digital. Noiva-Cadáver é uma fábula musical voltada para o público adulto. Inspirado em uma lenda russa, traz a história de um jovem que deve casar-se por conveniência. Os noivos se conhecem no dia do ensaio da cerimônia, mas o noivo não consegue decorar suas falas e o padre manda-o treinar. O jovem Victor vai até uma floresta ensaiar e acaba colocando a aliança em um galho seco que é na verdade o dedo de uma moça que foi assassinada pouco antes de seu próprio casamento e enterrada na floresta. De volta a “vida” a Noiva-Cadáver acredita que Victor veio para libertá-la e casar-se com ela. Trata-se de uma história carregada de ironia que as crianças não vão conseguir acompanhar. Brilhante no sentido técnico, é irônico até mesmo ao mostrar o mundo dos vivos de forma quase monocromática, cheia de falsidade, enquanto no mundo dos mortos existe “vida” nas cores e sons. Experimente, mesmo que não goste de filmes de animação, você poderá surpreender-se. Outra coisa, enfrente a tentação e assista no original em inglês. (Críticas de Dílson Frantz)
5 de maio de 2006