21 de março de 2006

Grandes lançamentos chegam às locadoras

Como quase sempre acontece, o ano começa em março para as locadoras, pois é a partir deste mês que começam a pipocar os grandes lançamentos. E este mês vem com tudo, a começar pela grande zebra do Oscar deste ano, Crash – No Limite. Grande vencedor do prêmio de melhor filme, Crash é uma produção independente que começou devagarinho nas salas de cinema dos EUA, foi ganhando destaque e acabou abocanhando o maior prêmio. Não que seja um filme extremamente original, sua fórmula de criar várias tramas independentes que em determinado momento se cruzam já foi muito usada recentemente (como em Magnólia), mas desta vez os personagens são propositadamente estereotipados. Entre os vários conflitos, acabamos por cair num tema forte e atual, o racismo, já que segundo o próprio filme, não existem mocinhos ou bandidos, todos querem parecer bonzinhos, mas no fundo todos tem sua parcela de racismo. O elenco de astros famosos também está ótimo, fato raro uma vez que fama nem sempre que dizer qualidade, mas desta vez, Sandra Bullock, Matt Damon, Brendan Fraser, entre outros, estão muito bem. Enfim, é o típico filme onde tudo dá certo. A estréia do roteirista Paul Haggis (Menina de Ouro, Oscar do ano passado) na direção não poderia ser melhor. Direção alias, é o ponto forte de O Jardineiro Fiel. Meirelles (Cidade de Deus) estréia numa produção estrangeira, com muita personalidade. O filme, de temática difícil, pouco comercial, é uma fita de denúncia. A trama do diplomata inglês que tem sua esposa brutalmente assassinada nos confins do Quênia (a ótima Rachel Weiz, Oscar de atriz coadjuvante pelo papel) e procura descobrir a verdade sobre as atividades da esposa e os motivos que levaram a sua morte é extremamente complexa, e apesar disso, consegue ser bem desenvolvida. Basicamente, é um caso de corrupção onde, como em qualquer parte do mundo, o dinheiro é quem manda, ainda mais em lugares miseráveis como na África. Meirelles faz um ótimo trabalho (foi indicado ao Globo de Ouro de melhor direção e merecia estar entre os indicados ao Oscar) fugindo das armadilhas que o roteiro, repleto de flashbacks, colocava a todo instante a sua frente. Meirelles soube criar uma trama que arrancou aplausos no mundo todo e que apesar de seu tema difícil foi razoavelmente bem nas bilheterias. Ponto principal para a carreira de um diretor estrangeiro nos EUA. O ator Ralph Fiennes (O Paciente Inglês) que é naturalmente um ator frio, bem britânico, foi a escolha perfeita para o personagem do diplomata burocrático. Surpresa foi sua escolha também para o papel de Lord Voldemort no último Harry Potter. Harry Potter e o Cálice de Fogo conta mais um ano das aventuras do bruxo preferido do planeta. Desta vez, Potter e seus amigos estão as voltas com um misterioso torneio Tribruxo que ocorre na escola de magia de Hogwarts. Como nas outras histórias, tudo não passa de pano de fundo para a luta do bruxo com o Mestre das Trevas (Ralph Fiennes parece estar se divertindo muito no papel) que está ficando cada vez mais forte. Como este é o quarto ano em Hogwarts, os personagens (e os atores) estão crescendo e começando a entrar na adolescência, abrindo espaço a flertes e cenas de ciúme. É muito engraçado vermos Harry e seus amigos que detonam seus oponentes na magia, entrarem em pânico ao saber que haverá um baile na escola e que precisam dançar. Mas o filme não é apenas engraçado, as emoções estão mais afloradas, há mais tensão, a morte surge na vida de todos como uma realidade, não mais como uma sugestão. O maior problema do filme está no fato de que quem não leu o livro, pode ter alguma dificuldade em acompanhar o início da trama, e as crianças menores podem se assustar com algumas cenas. Mas em termos de filme, não há dúvida de que o Cálice de Fogo é o melhor até agora. Se levarmos em conta todos os filmes, a série Harry Potter está conseguindo um feito raro, a série vai melhorando a cada filme, o que faz os fãs esperarem ansiosos 2007, quando sai o próximo. Harry Potter é comercial? Sim, mas e daí? Quem disse que cinema comercial não pode ter qualidade? Dílson Frantz