10 de fevereiro de 2006

Choque de saneamento

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

As freqüentes análises das condições de balneabilidade das águas das praias da Ilha de Santa Catarina, promovidas pela Fundação Estadual de Meio-Ambiente (Fatma) nesta temporada, têm confirmado uma realidade que já era conhecida, ou pelo menos presumida, pela grande maioria da população de Florianópolis. A região Sul da Ilha é a que possui, comprovadamente, as praias mais limpas da capital catarinense.
Enquanto praias badaladas do Norte da Ilha, como Ingleses, Canasvieiras, Ponta das Canas e até a Praia Brava, reduto de expoentes do empresariado e da política catarinense, apresenta diversos pontos impróprios para o banho, em função de contaminação por coliformes fecais, o Sul da Ilha apresenta apenas um ponto isolado em condições inadequadas para os banhistas, a foz do Rio Sangradouro, na Armação do Pântano do Sul.
Os motivos dessa disparidade nas condições de balneabilidade entre as duas regiões também são conhecidos. Enquanto o Norte da Ilha vem sendo ao longo de décadas decantado pela mídia, destino quase obrigatório dos turistas que veraneiam na capital e, como conseqüência, alvo também de uma desenfreada e perniciosa especulação imobiliária, o Sul da Ilha permanece na condição de coadjuvante do turismo local.
Em que pese o prejuízo resultante desse desequilíbrio na formatação de sua infra-estrutura, a região acabou sendo beneficiada pela preservação de suas praias. Essa realidade, no entanto, pode estar com os dias contados, caso não seja aplicado com urgência um “choque de saneamento” na região, através de investimentos do poder público em rede de esgotos e da conscientização do empresariado e da população. Sem o suporte de saneamento, o crescente avanço imobiliário que atinge a região vai fatalmente “nortizar” também o Sul da Ilha.