Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Num clima de tristeza, comoção e revolta, mais de 400 pessoas participaram no sábado, 16 de julho, de uma manifestação de protesto contra o avanço da violência e da criminalidade que atinge o Sul da Ilha, especialmente as regiões do Campeche, Rio Tavares e adjacências. Denominado de Caminhada pela Paz, o evento também simbolizou um ato de repúdio ao bárbaro crime ocorrido no dia 10 deste mês que ceifou a vida de Cristiano da Rosa, de 28 anos, morto a tiros durante assalto ao posto de combustíveis em que trabalhava, no Rio Tavares.
Operador de caixa, o jovem não reagiu ao assalto, ocorrido por volta de uma hora da madrugada, mas mesmo assim acabou sendo executado pelos bandidos, num ato brutal e covarde que evidencia o alto grau de banalização dos crimes contra a vida que grassa em nossa sociedade.
Cristiano transformou-se em apenas mais um número nas frias estatísticas dos assassinatos, que já beiram uma centena apenas neste ano na capital catarinense. Embora possa se apontar a desigualdade social como fator de origem da criminalidade, tendo ainda como agravante a facilidade de acesso às drogas, é inegável que é o sentimento de impunidade que reina na sociedade é hoje, possivelmente, o principal alimentador da ousadia dos criminosos. O destemor em relação à capacidade de reação das forças policiais deixa os bandidos à vontade para agir, cada vez de forma mais violenta.
A morte do jovem operador de caixa impressionou pela crueldade, mas se a capacidade de reação do serviços públicos de segurança persistir em sua insuficiência, não é difícil imaginar o mesmo desfecho em outros episódios semelhantes. O Campeche e região enfrentam hoje uma verdadeira escalada de assaltos a mão armada, provocando enormes prejuízos para comerciantes e a própria sociedade, felizmente ainda sem uma correspondente perda em vidas humanas. O desafio é saber até quando.