O filme sobre a vida de Ray Charles parece-se com a vida real do cantor, cheia de altos e baixos. Ray não tem uma narrativa linear: começa um pouco antes do cantor chegar em Seattle, na década de 40. E através de flashbacks, o roteiro mostra como ele ficou cego, seus maiores traumas, principalmente o de ver o irmão mais novo morrer afogado um pouco antes de ficar cego e apresenta ao mundo um personagem importantíssimo na vida do cantor, sua mãe que desde cedo o ensinou a não se humilhar ou aceitar ser tratado como aleijado. O filme mostra um personagem mulherengo, que procura superar sua cegueira com seu imenso talento, não sem sofrer alguns senões, como sua dependência à heroína. Apesar de tratar de algumas passagens significantes de sua carreira, principalmente o início dela, o filme pula passagens importantes de sua vida, como a partir dos anos 60. Mas o que faz com que o filme valha a pena é a interpretação avassaladora de Jamie Foxx. Formado em piano clássico, o ator não usou dublês para interpretar Ray no instrumento, além de reproduzir com a mais absoluta fidelidade os movimentos e trejeitos do cantor. Esse magnífico trabalho foi coroado com prêmios ao redor do mundo, incluindo o Oscar de ator e pode-se dizer, foi a maior barbada do ano, não vimos interpretação melhor que a dele. Para não dizer que o filme é só Foxx, valem a pena também a ótima sonora e sua bela fotografia. Não deixe de ver.
17 de maio de 2005