17 de maio de 2005

Crime e castigo

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

Em meados de abril, um leitor ligou para este jornal questionando o que considerou a “ausência de reportagens sobre o problema da criminalidade na região”. Com todo o respeito ao referido leitor, que preferiu não ser identificado, o assunto, na verdade, tem sido recorrente em nossas edições, com pelo menos uma reportagem anual, além de matérias e notas pontuais. Não podemos, evidentemente, publicar todos os casos ocorridos, porque senão certamente não teremos espaço para publicar outras matérias envolvendo assuntos de interesse comunitário.
Não obstante a produção de reportagens pelos variados segmentos da mídia, da discussão que isso suscita na comunidade e mesmo da eventual melhoria do aparato repressor das polícias, a criminalidade parece um problema quase insolúvel. O crescimento populacional, aliado a problemas sociais, especialmente o desemprego e a falta de oportunidades de trabalho para a população jovem, são fatores realimentadores da problemática. Como o conhecido esgotamento financeiro dos governos não permite que a estrutura de segurança pública avance no mesmo ritmo, fica claro que a solução para o problema precisa passar, necessariamente, pela colaboração da população.
O Conselho Comunitário de Segurança do Campeche (Conseg), entidade criada há pouco mais de um ano para integrar comunidade e polícia, revela que um dos maiores problemas para o combate à criminalidade e a eficácia do trabalho policial é o descompasso entre os crimes comentados na comunidade e aqueles efetivamente registrados. Sem o registro das ocorrências policiais, estes crimes não integram as estatísticas oficiais, principal referencial usado pela PM detectar as áreas preferenciais dos ladrões e providenciar o trabalho de policiamento ostensivo. Além de inibir o trabalho de investigação posterior, a cargo da Polícia Civil, muitas vezes decisivo para apuração dos autores de furtos ou roubos. Com a inação de uma vítima, por vezes, fica estabelecida a impunidade, o crime sem castigo, que prejudica toda a sociedade.