24 de agosto de 2004

COLD MOUNTAIN

O filme tinha tudo para ser uma obra-prima do cinema, mas em algum ponto, o trem descarrilou. A amarga história de amor de Inman, um jovem soldado que deserda o exército em plena Guerra Civil americana e foge em busca de sua amada Ada, que sofre com a decadência dos padrões de vida, devido a guerra, poderia ter rendido muito mais. Na verdade, a saga de Inman e Ada, acaba ficando no meio termo em tudo: meio amarga, meio triste, com boas e más interpretações. Aliás, apesar de formarem um belo casal, Jude Law e Nicole Kidman, são os pontos mais fracos da interpretação, principalmente Nicole, que depois de grandes atuações seguidas (Dogsville, As Horas, Moulin Rouge e Os Outros) nos brinda com uma das piores de sua carreira. Ainda bem que o elenco de coadjuvantes segura bem o filme; Renée Zellwegger, que ganhou o Oscar de coadjuvante, deita e rola no papel da mulher que ajuda Ada nos seus piores dias, Philip Seymour Hoffman e Kathy Baker também estão ótimos, mas a grande surpresa é Natalie Portman ( Star Wars ) que tem uma pequena, mas belíssima passagem na trama. Tecnicamente, o filme é ótimo, com uma bela fotografia, direção de arte impecável, uma trilha sonora maravilhosa, pena que fique a sensação de vazio. O diretor Anthony Minghella parece sonhar em tornar-se um novo David Lean, mas enquanto Lean sabia dosar com perfeição passagens épicas com dramas intimistas, Minghella bota tudo no liquidificador. Resultado: uma mistura de filme de arte, de olho no Oscar, com a profundidade de uma novela mexicana. Uma pena.