Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Depois de sucessivas promessas de retomada de suas obras, todas não cumpridas, tudo indica que a conclusão do trecho final de 400 metros entre a Costeira e o Trevo da Seta da Via Expressa Sul vai mesmo ficar para meados do próximo ano. Com isso, a inauguração dessa obra vital para o Sul da Ilha e para o próprio sistema viário da capital deve ser usada, mais uma vez, como moeda eleitoral às vésperas do pleito municipal. A prática, aliás, não e nova, e foi usada no ano passado pelo ex-governador Esperidião Amim, que inaugurou a primeira etapa da rodovia no prazo final permitido pela legislação, embora sua estratégia não tenha logrado êxito para conquistar a reeleição.
No ano de 2000, ainda, a mesma rodovia foi usada para atrair votos para os aliados do ex-governador às vésperas das eleições municipais, com o anuncio, pouco antes do pleito, da conclusão do processo de perfuração dos túneis. Como o trecho que falta para a conclusão da rodovia, numa extensão de aproximadamente 400 metros, possui reconhecida complexidade por envolver área de mangue e solo mole, que dificilmente pode ser executado em menos de cinco a seis meses, a novela da conclusão da Via Sul deve se prolongar pelo menos até meados de 2004. Com ela, a agonia dos moradores e empreendedores do Sul da Ilha, já que alem de infernizar a vida daqueles que trafegam pela rodovia, os crônicos congestionamentos também causam prejuízos para o comercio e prestadores de serviços da região.
O governo catarinense alega que a culpa pela não retomada é do Ibama, que estaria dificultando a liberação de uma licença ambiental necessária para permitir o reinicio das atividades na rodovia. Como o governo estadual é legitimo avalista do atual governo federal, a quem se aliou publicamente no segundo turno do pleito eleitoral, é no mínimo estranho que a retomada de uma obra dessa envergadura esbarre numa burocracia de segundo escalão federal. A impressão que passa às comunidades da região é de que a obra, na verdade, não é considerada prioridade política para o atual governo ou, definitivamente, está sendo conduzida de forma estratégica para extrair o máximo de votos em 2004.